Asfódelos II

Em todos os meus vinte e sete anos de pós-morte, nunca havia sequer pisado nos Asfódelos algo tão magistral como aquela moça. Seu espectro, que possuía curvas divinas, emanavam uma ofuscante luz encantadora, que quase fazia meus olhos mortos brilharem.
Embora morta, Mary - foi como eu a batizei - parecia extramente viva. Toda sua leveza contribuía para que eu finalmente sentisse que estar ali nos Asfódelos era bom, pelo menos enquanto eu a observava mover-se lentamente adentro das árvores mortas no Oeste do Campo.
Seus olhos, verdes, pareciam também vivos. Refulgiam tanto a cada olhar que pareciam feitos de luzes neon; seu olhar também era assustador, carregado de uma possível frustração passada. Mas, o que isso me importava agora? Afinal, ambos estávamos mortos.
Mas então foi quando percebi: Não era uma moça qualquer. Não era Mary. Não era apenas uma morta que chegara aos Asfódelos, igual acontece todos os dias em massa. Era ela. Era o meu amor.
Olhei-a, então, atônito, mais bobo que antes, pensando. Eu sabia, de fato, que um dia ela chegaria. Ela morreu, então, vinte sete anos após a morte, e como pôde ter chegado aos Asfódelos tão bela, talvez até mais bela do que quando viva?
Foi quando eu me dei conta que permanecia apaixonado irrevogavelmente por Sally. Foi quando eu me dei conta que o juramento "até que a morte nos separe" é pura mentira.


Clique aqui para ler "Asfódelos I".

1 opiniões:

Ana Luiza disse...

Intenso '~' [/fato

"Foi quando eu me dei conta que permanecia apaixonado irrevogavelmente por Sally. Foi quando eu me dei conta que o juramento "até que a morte nos separe" é pura mentira." <<-- Amei esta pura verdade *-*

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