Asfódelos III

ps: Antes de ler este post, certifique-se de que já leu Asfódelos I e Asfódelos II.


Era estranho pensar sobre o amor, estando morto e condenado eternamente ao Campo dos Asfódelos. Se ao menos eu tivesse alcançado Ísis, onde a prosperidade reina excessivamente... Mas não. Eu estava nos Asfódelos.
Era incrivelmente grande. A cada dia, chegavam centenas de novos mortos aos Asfódelos. Hades estava até irritando-se, por ter que arrumar maneiras mirabolantes de comportar todos aqueles mortos lá dentro.
Eu gostava de assistir aos julgamentos. Sempre que uma alma era condenada ao Tártaro, era terrível. Elas gritavam de desespero. Passar a eternidade no Tártaro não é lá algo que se deseje muito.
Mas enfim... Após eu ter descoberto que Mary, na verdade, era Sally, tudo tornou-se mais obscuro. Raramente eu a via, e estava sempre no Bosque Gótico, vagando desorientada. Mas eu a entendia. Meu primeiro ano nos Asfódelos fora horrível, onde eu também vagava desorientado pelos Bosques e Florestas amaldiçoadas, sem saber o que "fazer".
Sentei-me, um dia, sob a copa de um eucalipto envelhecido. Sally estava cerca de seis metros adiante, "cuidando" de azaleias murxas, a feição inexpressiva. Levantei-me, então, e tentei falar. Mas quando tu és morto e estás há muito tempo nos Asfódelos, tua voz torna-se fraca, quase inaudível. Então, ao sair a primeira palavra xoxa, eu desisti.
Sally olhou-me assustada. Acho que a espantei, pois logo ela largou as flores e saiu, vagando tristonha, rumando a qualquer outro lugar sombrio daquele mundo.

1 opiniões:

Ana Luiza disse...

Casal idiota! ¬¬

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