Asfódelos

A sensação de que meus ossos queimavam a cada passo que eu dava era horrível. As rochas sulfurosas sob meus pés estalavam; no teto, as estalactites pendiam, pontiagudas, retinindo frias ao clima desesperador.
Eu nunca pararia - eu nunca poderia. Continuei caminhando, passeando por jardins enegrecidos e paisagem lúgubre. O horizonte estendia-se verticalmente, lançando uma luz crepuscular que me dava uma estranha sensação de nostalgia. Era triste, enquanto a multidão arrastava-se sem a menor motivação.
Meus olhos gotejavam sangue, minhas mãos estavam marcadas para sempre pelos riscos mortais que eu correra. Olhei para o lado, onde a densidade atmosférica era sufocante; à frente, via-se, bem distante, uma cachoeira, chamada de Ísis. Sua visão era inebriante, e todos nós rumávamos para que um dia pudéssemos alcançá-la. Sua cascata, que parecia um véu de noiva, caía resplandecente no fulgurante mármore que se erguia atrás de uma balaustrada imperial.
E meus olhos ainda brilhavam quando eu me lembrava da vida. Meus olhos ainda brilhavam, e logo gotejavam escarlate, ao me lembrar do amor que deixei para trás.

3 opiniões:

Karolzinhah disse...

tenso ):

Ana Luiza disse...

Como vc consegue escrever algo assim? *-*
Apesar de tudo, quero caminhas pelo Asfódelos e pernoitar nos braços quentes de Hades *-* [/tensopqeuacabeidecriar
rsrs

Carina Bickel disse...

Você é um monstro sim U____________U
e como eu tinha previsto, monstro apaixonado = textos monstruosamente bons :D

Postar um comentário